domingo, 1 de abril de 2012

Neném a bordo

Outro dia peguei um voo com três tenros seres humanos a bordo num daqueles aviões socialistas que não têm divisão de classe. Uma das mães desses bebês era muito nova e por isso totalmente despreparada; seu marido idem. Eu sentia dó e raiva!
Depois de quatro horas de choro, ou de voo, resolvi fazer alguma coisa. Na pior das hipóteses serviria para me esticar e fazer o sangue circular. Fui lá na frente, onde estava o jovem casal e me ofereci para pegar o neném no colo. Eles cochicharam; depois me olharam com desconfiança, mas sem falar nada, e então me entregaram o filho ainda chorando. Em poucos segundos no meu colo e o bebê estava mais calmo e não chorava mais. Levantei meus olhos do bebê para o resto do avião e senti um monte de olhares agradecidos na minha direção. Depois de uns minutos passei o filho para que a mãe o amamentasse. Isso os homens ainda não podem fazer, ao contrário das mulheres que tudo podem nos dias de hoje.

As mulheres são máquinas perfeitas para o trabalho, mas vieram com um defeito de fábrica – menstruam, e quando isso não acontece é pior ainda porque podem estar grávidas; o patrão fica sem a funcionária por uns seis meses no mínimo e por mais que disfarcem, eles, os patrões, nunca ficarão contentes com esta situação.
O mundo, a sociedade, os casamentos e as leis estão engessados. Nada vai mudar assim tão facilmente. Por isso não tenho nenhuma ideia para melhorar a vida da gente. Pelo visto será assim mesmo: uns dias bons outros nem tanto.
Minha proposta é para solucionar um problema antigo; os bebês incomodando os passageiros que não têm bebês. Minha ideia é adaptar alguns aviões exclusivamente para bebês. Em vez de aeromoça, seriam babymoças. Em vez de refeições, seriam servidas mamadeiras (duas rodadas, já que há sempre os mais famintos).
No caso de um bebê fazer cocô, um sensor ativará um sinal acima do assento, transformado em bercinho, que piscará sem parar até a babymoça atender àquele bebê encocozado.
O voo dos pais sairia um pouco depois, mas chegaria um pouco antes ao aeroporto de destino. O esquema seria montado para eliminar estresse da vida dos pais ricos. Sim, ricos porque este serviço custará uma pequena fortuna.
Fica aqui minha ideia, aproveitando que uma nova e ascendente parcela de brasileiros está começando a realizar longos voos.
Talvez essa ideia não seja rentável, e por isso inviável, mas meus ouvidos bem que agradeceriam um voo sem bebês a bordo.

Zeca Fonseca
Niterói, março de 2012

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