sexta-feira, 13 de julho de 2012

Jesuses/ Todos os dias eu me deparo com figuras estranhas nas ruas dessa cidade para lá de grande. São pessoas que estão em outra dimensão, inadaptados ao sistema capitalista no qual vivemos. São mendigos, desempregados, drogados, andarilhos, malucos ou simplesmente um ser humano à deriva. Em geral são homens, mas já é possível ver mulheres com essas características. São Jesuses vagando de um lado para outro dessa cidade fétida e nojenta— cada um carregando sua cruz. Cruzes cortando a plasticidade bucólica do meio social. A prefeitura se sente responsável, por isso recolhe esses pobres coitados e desova em alguma instituição. Nunca fui num lugar desses, mas, a julgar pelo índice de retorno às ruas não devem ser nada confortáveis. Perdoem-me os religiosos e os crentes, mas se aquele Jesus por aqui aparecesse certamente estaria entre esses excluídos; seria mais um a perambular pelas ruas. Jesuses invisíveis aos olhos da gente. Eu me pergunto. Existiu mesmo um Jesus? Até que ponto a ficção é realidade nessa história toda? Qual religião é honesta? Não quero resposta a essas indagações; provocar um pensamento já me satisfaz. Meus escritos não são como sementes na cabeça dos leitores; pelo contrário, parece pesticida trucidando a razão estabelecida. Zeca Fonseca Niterói, 11-7-2012

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