sábado, 21 de julho de 2012

Bat-Defesa

Bat-Defesa / A mídia mundial vive mais um frisson, já que vende tragédias e delas depende para sobreviver. Entendo isso. Mas quando um jovem se intitula O Coringa e invade um cinema lotado, onde o novo filme do Batman estreava, e abre fogo contra a plateia, temos de repensar nosso modus vivendi. Ou seja, a sociedade cria seus próprios monstros reais; seres humanos aparentemente inofensivos agindo de maneira desumana. Nos Estados Unidos, que é o país mais democrático do planeta, essas atrocidades estão se tornando quase banais. Dessa vez o protagonista é novamente um jovem, a novidade é que ele é formado em neurociência. Será que nesses tempos loucos, onde a Terra vive uma espécie de transe econômico, seremos obrigados a assistir uma juventude assassina extravasando sua ira? Entre as vítimas está o próprio Batman; um super-herói de origem inglesa que ganhou o mundo defendendo a sociedade da fictícia cidade Gotam City. O animal em fúria deu as costas para o Batman na tela e fuzilou dezenas de pessoas; a realidade superou mais uma vez a ficção. O Batman é inocente, mas pode se tornar indecente e culpado de alguma forma pela tragédia. Este tipo de comportamento sociopata está ficando cada vez mais normal. A mídia vende mais quando eles, os jovens malucos, entram em ação. Eles são os verdadeiros super-heróis da mídia; ganham fama e notoriedade depois que põem em prática seus planos criminosos. Quem matar mais gente vence a disputa. Este é o país símbolo da democracia capitalista que a cada ano afunda mais e coloca em cheque todo um sistema econômico. Roma está ruindo. Assistimos ao declínio de um império. O cinema não copia a vida – inventa-a; vende ingressos e com sorte ganha publicidade extra graças aos jovens desajustados que resolvem chamar a atenção de toda sociedade mundial. Estamos estarrecidos? Surpresos? Não. Na verdade estamos felizes por estar vivos? Talvez. O fato é que torcemos para Roma ruir. Vão depositar a culpa no Batman, e isso levará multidões às salas de cinema de todo o mundo. Somos solidários com o super-herói da ficção, e condenamos a realidade hollywoodiana que se manifesta de forma torpe na vida real. Realidade e ficção fazem parte do mesmo complô, e o final não é feliz. Zeca Fonseca Niterói, 21-7-2012

Um comentário:

  1. Acabei de escrever essa frase em minha mesa, e vim aqui para mostrá-la, e leio sobre o mesmo assunto: realidade e ficção.

    Escreveria isso se eu tivesse twitter: "A vida fosse ficção, estaria Mandrake, investigando, no Mensalão?"

    abraço

    ResponderExcluir