domingo, 4 de dezembro de 2011

MATADOURO nº 1

MATADOURO nº 1

Observo que de uns tempos para cá tem surgido um tipo de pessoa que se diz engajada em causas ambientais, mas que na verdade são integrantes de uma boiada que pasta junta e acredita em tudo que dizem a elas. Muitas vezes eles estão certos: abraçam a lagoa e às vezes fazem algum estardalhaço que tem algum sentido social. Mas não podemos nos iludir e achar que terão sempre razão. Afinal nós, reles espectadores do caos, temos tutano e não vamos embarcar em qualquer campanha. Que me perdoem os artistas unidos contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, mas prefiro-os nos palcos, nas telas dos cinemas e da TVs.
Neste episódio de Belo Monte é muito claro que eles estão sendo manipulados por forças ocultas interessadas em vender outro tipo de energia no lugar da que o governo está propondo. Não vou cair nesse mérito da questão, deixo isso para os especialistas. Vasculhem a internet em busca de informações. Leiam sobre Usinas termoelétricas que dependem de combustível para funcionar. Pode estar aí o X da questão.
Consultem os interesses dos usineiros de cana de açúcar, os verdadeiros vilões do Brasil. Mas ninguém quer falar disso! Por que será? Por que os atores abraçaram a campanha contra a Usina de Belo Monte? Com certeza não é por causa dos índios e nem das populações ribeirinhas. Por que não questionam os pastos que avançam floresta adentro. O Brasil está sendo ocupado pelo gado; bilhões de peidos são emitidos na atmosfera a cada minuto. Quem é que vai pagar por este estrago no planeta? 37% da emissão de gás metano são de responsabilidade da pecuária? Mas saibam que nem todo o gás vem dos anus desses animais como se pode imaginar, metade vem da ruminação dos mesmos.
A verdade é que somos o maior matadouro do mundo e a nossa carne é exportada para diversos países que preferem pagar pela carne a arcar com o ônus da criação. Esse prejuízo ambiental é nosso, mas é de todo o planeta também. Desmatamos nossas florestas para fabricar campos de concentração de bovinos peidorreiros, e no final do processo o dono de algum restaurante colocará um lindo steak no prato de um cliente otário que pagará cinquenta dólares para ter o prazer de saborear aquela carne deliciosa resultante da carnificina MADE IN BRAZIL. Quantos centímetros cúbicos de gás metano foram produzidos até aquele steak chegar ao primeiro mundo? Quantos bifes serão necessários para destruir o planeta de vez? Vamos, algum cientista me responda; quantos bifes nos restam até o final do planeta Terra? Não vou mudar de assunto, mas e nossas crianças pobres que não têm um ensino decente? Entregues ao azar, carentes de tudo, e gratas por qualquer migalha de esperança. Assim, do jeito que a coisa vai construiremos mais presídios que escolas. Ou, analisando por outro prisma, alcançaremos o status de catedráticos em violência urbana, já que os presídios acabam funcionando como um estágio de aperfeiçoamento do detento que deveria estar sendo recuperado para a sociedade. Ou seja, a universidade do crime está dentro dos próprios presídios que construímos. Jogamos a sujeira para baixo do tapete como qualquer faxineiro relapso; e fazemos cara de indignados quando a sujeira aparece. Somos protagonistas da merda que nos envergonha, e não vejo muito jeito desse script mudar.

Zeca Fonseca
Niterói, 29 -11-11

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