sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Homem ideal

Foi-se o tempo em que o macho se sobrepujava no grupo pela sua força física. A seleção da espécie humana se dava de maneira tosca, mas ainda assim fomos capazes de evoluir e atingimos o futuro que nada mais é do que o momento presente.
Muita coisa aconteceu ao ser humano entre o nosso antepassado selvagem e essa realidade virtual que vivemos hoje em dia. Muito se estudou, mas pouco se fala do que nos aguarda num futuro próximo. Penso que estamos todos lascados e que não haverá escapatória para a desgraça que está por vir. Não escrevo para fazer alarde e nem para criar polêmicas em torno do futuro incerto que nos aguarda. Até porque eu mesmo não sei o que vem por aí. Só sei que vem, e não vai ser mais uma dessas calamidades banais que já nos habituamos a ignorar.
Do mesmo eletrodoméstico recebemos notícias cada vez piores; imagens cada vez mais impactantes. Num momento assistimos as tragédias humanas embrulhadas em papel de presente. Logo depois, a nossa boa e velha televisão exibe filmes de ficção dos mais variados tipos e que, às vezes, nos levam a experimentar nossos sentimentos mais aprisionados. Ou seja, a realidade está ficando cada vez mais parecida com a ficção e não o contrário como seria normal acontecer. Choramos e rimos à custa das mentiras que nos são mostradas. E aprendemos a ficar indiferentes perante a realidade que nos é atirada, o tempo todo, pelas mídias cada vez mais velozes.
Tenho medo do que nos aguarda, mas vou fazer de conta que não sei de nada. Quero aproveitar o que resta dessa ignorância global para tocar a vida sem medo se ser feliz.
Escrever é o que eu gosto de fazer, mas, como já disse, quero aproveitar esse epílogo antes que finalmente tudo acabe. A sensação que fica é idêntica àquela que experimentamos quando despertamos de um sonho bom. Somos capazes de fazer de tudo para não sair de dentro do sonho. Vivemos culpados, mas sonhamos inocentemente. Eu sou parte integrante dessa sociedade que consome o planeta e depois finge que não tem culpa de nada.
Cagamos e andamos em bloco; somos todos partes integrantes de uma mesma tragédia anunciada dia após dia, e que teimamos em relevar. Somos mais cegos que os cegos, e mais vis que qualquer vilão de novela. Estamos condenados a chegar ao fim sem saber que ele está próximo.
Qual é o homem ideal?
É a mulher!
Os homens já perderam seus postos no trabalho e em casa, e não sabem o que fazer quando estão sem uma referência feminina. Os homens de hoje estão acuados dentro de cubículos de vergonha; sentem o sabor amargo do fracasso, sem saber que isso faz parte do final de um ciclo. Sai o homem e entra a mulher, mas não é assim tão simples. A equação é difícil: temos de um lado o homem perdendo sua função e de outro a mulher multiatarefada que acha que pode resolver tudo sozinha. Será que é por isso que atualmente as famílias se desfazem com maior rapidez?
Prefiro pensar que está havendo uma natural inversão de valores, e que dentro deste processo o homem irá adaptar-se sem sucumbir. O homem e a mulher sempre foram partes complementares de uma mesma coisa. Essa coisa nada mais é do que a própria raça humana. Portanto, se não cuidarmos da preservação do casal e, por conseguinte, da nossa própria espécie não conseguiremos cuidar do nosso planeta.

Zeca Fonseca
Niterói, 5-08-2011

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