terça-feira, 31 de janeiro de 2012

CRÔNICA:"Capitalismo selvagem versus casamento"

Cansei disso. Capitalismo é bom só para quem tem dinheiro. E quem não tem? O que o capitalismo reservou para essas pessoas? Vão criar emprego pra elas, mesmo sabendo que na maioria não são qualificadas o suficiente para encarar o mercado cada vez mais exigente; precisa saber mexer em computador, falar inglês, se vestir adequadamente, falar um português quase correto e por aí vai.
Ao capitalismo interessa que a família se frite, e desmorone; serão mais geladeiras, fogões, máquinas de lavar, e toda uma parafernália de utensílios que antes eram divididos por todos da família que se desfez.
Estamos perdidos; ou será que estou sozinho a me revoltar com esse sistema de prensagem de pessoas, como se todos os menos favorecidos fossem somente massa de modelar na mão desses políticos de merda.
Podem observar – sempre quem se fode é o fodido! Sonham com as promessas dos políticos, mas vivem o pesadelo do dia a dia. Eventualmente alguma coisa realmente é feita. Contudo a política é suja! Nenhuma novidade nisso; novidade é aparecer político honesto que defenda os interesses do povo que o elegeu. O problema é que quem elege é o capital, o caixa dois dos empresários que se beneficiam com as licitações pra lá de ilícitas que acontecem há anos, e ninguém ousa falar disso. Ou, se fala, morre! Vivemos numa espécie de “faroeste caboclo” decantado por Renato Russo em música composta em 1979, mas que só foi lançada oficialmente em 1987, no álbum Que País É Este.
Triste, muito triste, essa banda ter acabado; ou melhor, o Renato Russo ter morrido, pois pôs um ponto final numa geração que pulsava junto com àquele tipo de rock bem brasileiro.
Agora preciso trabalhar em outro texto; trabalho não falta para quem quer trabalhar no Brasil. Ganhar dinheiro trabalhando é que são elas. Isso é para poucos. Normalmente o nosso sistema capitalista tupiniquim funciona assim: quanto menos se trabalha mais se ganha, em contrapartida quanto mais se trabalha menos se ganha. Leia O Capital de Karl Marx. Linguagem chata e ultrapassada, mas o conteúdo é absurdamente atual — didático; ensina o patrão a roubar do empregado sem deixar pistas, ao mesmo tempo em que alerta o empregado para a mais valia que ele proporciona ao patrão com as horas trabalhadas sem remuneração adequada.
O sistema capitalista está mudando por imposições de ordem política. É o pensamento feminino dominando o mundo dos arquétipos machistas e ultrapassados. A dona de casa se transformou numa mulher gasosa, expansiva e determinada em galgar posições antes dominadas pelos homens. Qualquer coisa serve para não ficar em casa limpando, cozinhando e lavando pratos.
Porra! E quem vai fazer isso? Nós, os homens despreparados e estragados por nossas mães que nos mimavam e não se importavam se seu marido desse uma escapulida de vez em quando com alguma sirigaita? Contanto que fosse tudo muito discreto, e botasse dinheiro na mesa. Esta era a condição acordada, mas nunca conversada. Outro dia eu acordei atarantado com um pesadelo; eu estava sentado numa mesa com meu pai, meu avô, e o pai deste, portanto meu bisavô. Estávamos sentados numa mesa quadrada e na nossa frente havia pratos com notas de dinheiro novinhas neles. Não havia comida ou sequer o cheiro dela. O aroma era de nota de dinheiro nova; um perfume muito peculiar, só comparável ao cheirinho que colocam nos carros antes de sair das montadoras de automóveis.
Bons tempos aqueles em que a vida dos casais não necessitava de tanto diálogo. Hoje em dia é uma loucura; tudo é exaustivamente discutido e quase nunca se chega a um consenso. E com o somatório desses atritos, o relacionamento vai ruindo sem que os envolvidos se deem conta do emaranhado em que se meteram.
Uma coisa é importante para combater o capitalismo, mantenham-se harmônicos.
Boa semana para todos os casais que perseveram. E moram juntos!
Esse é o verdadeiro milagre da vida de bosta que a gente leva.

Zeca Fonseca
Petrópolis, JAN-12

3 comentários:

  1. Zeca, suas crônicas têm uma pegada firme e boa. Ontem mesmo eu estava com minha namorada e o filho dela e eu fiquei pensando sobre essa vida louca de casais, filhos, contas a pagar... é foda! E a realidade de vida de professor veio e ficou em nós dois, sentados na mesa...

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  2. Obrigado amigo!
    Mantem-se juntos, casados e unidos nas decisões!
    Abração!

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  3. Pois é Zeca, a vida cada vez mais acelerada e parece que precisamos cada vez mais tempo para escarafunchar as relações, lealdade e sinceridade sempre mas se vai a um nivel de minúcias quase microscópico, tornam as relações mais sofridas!!

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