sábado, 21 de julho de 2012

Bat-Defesa

Bat-Defesa / A mídia mundial vive mais um frisson, já que vende tragédias e delas depende para sobreviver. Entendo isso. Mas quando um jovem se intitula O Coringa e invade um cinema lotado, onde o novo filme do Batman estreava, e abre fogo contra a plateia, temos de repensar nosso modus vivendi. Ou seja, a sociedade cria seus próprios monstros reais; seres humanos aparentemente inofensivos agindo de maneira desumana. Nos Estados Unidos, que é o país mais democrático do planeta, essas atrocidades estão se tornando quase banais. Dessa vez o protagonista é novamente um jovem, a novidade é que ele é formado em neurociência. Será que nesses tempos loucos, onde a Terra vive uma espécie de transe econômico, seremos obrigados a assistir uma juventude assassina extravasando sua ira? Entre as vítimas está o próprio Batman; um super-herói de origem inglesa que ganhou o mundo defendendo a sociedade da fictícia cidade Gotam City. O animal em fúria deu as costas para o Batman na tela e fuzilou dezenas de pessoas; a realidade superou mais uma vez a ficção. O Batman é inocente, mas pode se tornar indecente e culpado de alguma forma pela tragédia. Este tipo de comportamento sociopata está ficando cada vez mais normal. A mídia vende mais quando eles, os jovens malucos, entram em ação. Eles são os verdadeiros super-heróis da mídia; ganham fama e notoriedade depois que põem em prática seus planos criminosos. Quem matar mais gente vence a disputa. Este é o país símbolo da democracia capitalista que a cada ano afunda mais e coloca em cheque todo um sistema econômico. Roma está ruindo. Assistimos ao declínio de um império. O cinema não copia a vida – inventa-a; vende ingressos e com sorte ganha publicidade extra graças aos jovens desajustados que resolvem chamar a atenção de toda sociedade mundial. Estamos estarrecidos? Surpresos? Não. Na verdade estamos felizes por estar vivos? Talvez. O fato é que torcemos para Roma ruir. Vão depositar a culpa no Batman, e isso levará multidões às salas de cinema de todo o mundo. Somos solidários com o super-herói da ficção, e condenamos a realidade hollywoodiana que se manifesta de forma torpe na vida real. Realidade e ficção fazem parte do mesmo complô, e o final não é feliz. Zeca Fonseca Niterói, 21-7-2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Jesuses/ Todos os dias eu me deparo com figuras estranhas nas ruas dessa cidade para lá de grande. São pessoas que estão em outra dimensão, inadaptados ao sistema capitalista no qual vivemos. São mendigos, desempregados, drogados, andarilhos, malucos ou simplesmente um ser humano à deriva. Em geral são homens, mas já é possível ver mulheres com essas características. São Jesuses vagando de um lado para outro dessa cidade fétida e nojenta— cada um carregando sua cruz. Cruzes cortando a plasticidade bucólica do meio social. A prefeitura se sente responsável, por isso recolhe esses pobres coitados e desova em alguma instituição. Nunca fui num lugar desses, mas, a julgar pelo índice de retorno às ruas não devem ser nada confortáveis. Perdoem-me os religiosos e os crentes, mas se aquele Jesus por aqui aparecesse certamente estaria entre esses excluídos; seria mais um a perambular pelas ruas. Jesuses invisíveis aos olhos da gente. Eu me pergunto. Existiu mesmo um Jesus? Até que ponto a ficção é realidade nessa história toda? Qual religião é honesta? Não quero resposta a essas indagações; provocar um pensamento já me satisfaz. Meus escritos não são como sementes na cabeça dos leitores; pelo contrário, parece pesticida trucidando a razão estabelecida. Zeca Fonseca Niterói, 11-7-2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O tempo vai passando e transformando tudo em passado.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Noite sem fim/ Eu costumava dormir antes de meia-noite. Hoje em dia durmo tarde. Quando não escrevo, assisto televisão – filmes de preferência. Teve uma noite que eu não consegui dormir. As horas iam avançando e eu sem nenhuma ideia para escrever. Na TV não havia nada de bom, e olha que tenho mais de cinquenta canais. Só consegui dormir às cinco e meia da manhã, o dia estava quase clareando. Entrei no quarto sorrateiramente para não acordar minha mulher que dormia desde onze horas da noite passada. Na manhã seguinte já sabia que ia ganhar bronca, nenhuma mulher gosta que seu marido vire a noite acordado. O fato é que eu sou escritor e às vezes a coisa só sai na madrugada de insônia. Pelo menos torno minhas madrugadas acordado em algo proveitoso. Se não fosse escritor acho que faria de tudo para dormir na mesma hora que minha mulher, afinal é assim que os casais normais fazem. E quer saber, adoraria ser normal. As horas passam devagar nas minhas madrugadas em claro. Depois durmo até umas dez horas da manhã. Tomo café puro e estou pronto para começar um novo dia. Até quando eu vou aguentar essa rotina insalubre? Zeca Fonseca Niterói, 21-6-2012

domingo, 10 de junho de 2012

Minha crônica quinzenal que é publicada no Jornal da Cidade On Line

AMAR Amar representa tanta coisa; diz tanta coisa, que é difícil de definirmos e até de assumirmos quando estamos envolvidos pelas amarras deste sentimento grudento. O amor afeta o indivíduo, que uma vez afetado se entrega ao objeto de seu desejo. Amar é entender que um casal compreende dois indivíduos que resolveram viver juntos. Entender é tudo nessa vida incompreensível que levamos hoje em dia. Os valores estão cambiando, ou melhor, descambando. Confiança virou coisa rara no convívio social em todo o mundo, o mesmo acontece nos casamentos: uma crise de confiança! E para confiar é preciso entender todo um universo de coisas; as mulheres alcançaram o mercado de trabalho e em muitos casos já superam os homens em eficiência. Fato. Homens antigos vivendo a modernidade! Amar é resistir às seduções deste mundo fantasiado de moderno, ou será que ele, o mundo, é moderno mesmo? Não. Modernidade está nas máquinas e em tudo o que é matéria. Mas nos indivíduos a modernidade anda mais lenta. E essa lentidão é que faz com que ainda existam famílias unidas nas mais diferentes sociedades espalhadas pelo planeta. Amar é confiar que o outro ama você do mesmo modo como amamos. Amar é desconfiar também; afinal o medo de não ser amado, muitas vezes, é maior que o amor em si. Amar, amar, amar... Eu amo, e você? Zeca Fonseca Niterói, 9-6-12

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cuidado: mulheres sem freio na pista. Foi-se o tempo em que o casal tinha estabilidade no relacionamento. Nesses novos tempos, a mulher passou a ocupar os espaços que antes eram exclusividade do sexo masculino. Vivemos uma revolução social, ou algum tipo de guerra não declarada entre mulheres e homens e que está colocando em risco toda uma sociedade. Não estou criticando o fato das mulheres quererem tudo aquilo que antes era monopólio dos homens; trair, por exemplo. Só os homens tinham uma certa permissão, velada é claro, para dar umas escapulidas de vez em quando sob o pretexto de estar bebendo com os amigos. Hoje elas é que saem para beber com as amigas; e surpreendentemente muitas são casadas em busca de um friozinho na barriga, enquanto seus maridos assistem futebol na TV. Penso que este movimento mais se parece com uma vingança natural pelo que os homens de outrora aprontavam com suas esposas. Deve haver exceções, mas a verdade é que os homens criaram e cultuaram um padrão nos casamentos onde o mais importante era a lealdade e não a fidelidade. E pior, as mulheres de hoje agem como esses tais homens. Homens que não existem mais. A derrocada masculina é lenta e gradual, e também muito fácil de ser detectada no dia a dia das grandes cidades. Zeca Fonseca Niterói, 23-5-2012

domingo, 29 de abril de 2012

Dois Capitalismos. O capitalismo não é uma instituição mundial organizada. Pelo contrário, é muito desorganizado e dessa desorganização é que vive o mercado; ou, noutra análise, são valores acumulados destinados à produção de bens de capital. O capitalismo tem como engrenagem fundamental a exploração da força de trabalho. Não veem o que acontece na China?; eles possuem um capitalismo de Estado, e impõem linha dura ao seu povo, forçando cargas horárias inimagináveis para nós ocidentais. A única diferença entre a China e os Estados Unidos é que a China pratica um capitalismo livre a ponto de serem antiéticos e fabricar produtos mais baratos de qualquer marca já consagrada. Tá bom, os chineses foram antiéticos e fabricam bolsas baratas que são idênticas às bolsas de certa marca caríssima. Vamos pensar; se os chineses conseguem fazer aquela bolsa gastando tão pouco a ponto de fazer um preço quase mil vezes menor, então fica explícito que o fabricante daquela bolsa original cobra um valor extorsivo dos seus clientes. É aí que reside a questão, o cliente que compra numa loja dessas não está violando nada por querer gastar pouco e ter uma bolsa de etiqueta, mesmo sendo falsa, afinal vivemos numa democracia. O capitalismo é imutável; é como uma doença sem cura. E a violência nos grandes centros só tende a aumentar! Por que será? O caráter das pessoas em geral está piorando, mais e mais, na medida em que avançamos no tempo. A coisa mais preciosa que haverá no planeta será a honestidade, e a coisa mais prazerosa será sentir confiança. Acreditar é preciso! Só para vocês terem uma ideia da importância do que estou falando, confiança será mais importante que sexo; antigamente os contratos eram firmados de boca, a palavra valia; hoje os contratos parecem apostilas de estudo cheias de páginas contendo centenas de cláusulas. Escolha seu modo de vida, não deixe que o modo de vida escolha você. Zeca Fonseca Petrópolis, abril de 2012

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Trecho de PANDEMONIUM

"Surgia, então, uma sociedade de homens fracos e mulheres famintas, mas ainda viciada em velhos esquemas escusos. Ou seja, só mudou o sexo da mosca que voa sobre a mesma sujeira de sempre." Página 19 de PANDEMONIUM, ED. Faces

quarta-feira, 25 de abril de 2012

É preciso separar a fé das religiões

Nenhuma religião é verdadeira. Todas são mentirosas e tentam criar coincidências históricas para solidificar suas mentiras sagradas. Assim são as religiões!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Coliformes eletrônicos

Assistir TV é um ato quase fisiológico; como se defecássemos, só que num tipo de fluxo inverso tal que a merda entra em vez de sair. E o canal de entrada não é o ânus, mas os olhos. Dentro dessa analogia posso afirmar que ando com uma diarréia danada! Zeca Fonseca Itaipava, 24/4/12

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Trecho de PANDEMONIUM

"A cúpula do jornal era composta por jornalistas de esquerda que recebiam um cala-boca da direita, que eles tanto odiavam, na forma de salário." página 20 de PANDEMONIUM, Ed. Faces. R$34,90 nas melhores livrarias.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

S.O.S. FAMÍLIA

Muito se fala em recuperar o planeta.
As calotas polares estão, ano a ano, se desprendendo mais e mais.
Os terremotos, furacões, tornados, vulcões em erupção, enchentes em toda a parte: isso tudo está a ponto de se tornar banal. Existe uma divulgação da desgraça em curso nas televisões de todo o mundo; é a venda da desgraça para os futuros desgraçados, já que no fundo sabemos que tudo irá acabar um dia. Ou porque morreremos, ou porque algo de muito trágico acontecerá com todos, muitos ou alguns ao mesmo tempo.

Muito se fala em recuperar o planeta. Mas se esquecem de que antes é necessário recuperar as pessoas. Depois, as famílias. Os laços de sangue estão de soltando e dando lugar a uma sangria no seio das famílias
Somente a partir do indivíduo será possível unificar os agrupamentos e com isso as cidades partidas como a que vivemos.
O planeta como uma grande prole requer a melhoria das relações familiares e da relação de seus indivíduos com o ambiente social no qual estão inseridos. E viveversa.
Hoje o cenário que vejo é o das famílias se fechando em suas ínfimas células. Muitas vezes essas famílias são compostas de três pessoas apenas, ou duas. Do jeito que vamos um dia família terá seu conceito alterado. Poderemos ter uma família composta de um cão, um gato e um humano. Por que não?

Zeca Fonseca
Niterói, 14-4-2012

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sexo e Religião

Só pênis, ou Jesus, salva uma mulher infeliz!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Trecho extraído da pág 332 de "Pandemonium" Ed. Faces

"Devemos estar em algum grau avançado de carência afetiva, onde nada resolve o nosso problema. E o pior de tudo é que pensamos já ter esgotado todas as alternativas de sermos felizes."

domingo, 1 de abril de 2012

Frase da hora

Ela quem me adoece, mas também é ela que me trás a cura. (março 2012)

Frase da hora

A realidade é como uma onda grande e insurfável, e eu apenas um humilde surfista tentando entrar na real. (março 2012)

Caminhoneiro versus sociedade

O Brasil não tem uma malha ferroviária que dê conta da produção anual de grãos do sul do país, por exemplo. Daí a importância cada vez maior de conservarmos as rodovias interestaduais que temos. Os caminhoneiros são as formiguinhas da sociedade; são eles que enfrentam as mais variadas intempéries para levar a carga ao seu destino – muitas vezes incerto. Eles cuidam de faturar seu ganha-pão de modo honesto, só não percebem que carregam o lixo ainda antes de virar lixo propriamente dito.
Eles, os heróicos caminhoneiros, são os emissários da merda que depois teremos de carregar para lixões a céu aberto, que com sorte terá ou não algum tipo de reciclagem desse mesmo lixo, e posterior tratamento. Esses pobres coitados, uma parcela razoável dos motoristas em atividade, que muitas vezes não dormem em cama e passam a noite dirigindo sob efeito de anfetaminas de procedência ignorada, vulgarmente chamada de rebite. Fiz uma pesquisa pessoal; e o resultado é que mais de 10% dos motoristas que transportam cargas pelas rodovias fazem uso dessas drogas para conseguirem cumprir as metas que vão proporcionar certo lucro para eles, claro que a maior parte do lucro é do atravessador. Atravessador é o intermediário entre o produtor e o consumidor, via alguma cadeia de pontos de venda. Em última análise é o capitalista; o investidor que vai apostar sua grana numa carga para depois aferir lucros compensadores nalgum mercado específico.
Ou seja, estamos em casa esperando nossos produtos chegarem e sequer imaginamos como é que isso se sucede. Não estou aqui fazendo nenhum tipo de reclamação com as transportadoras. Acredito que elas se esforcem para selecionar os melhores motoristas; o problema é que quem conduz esses caminhões de última geração, ou aquele buzum velho e sem licença para rodar e cheio de trabalhadores voltando de uma colheita no campo, não é a mesma pessoa.
A maioria da mão de obra é viciada ou preguiçosa, ou de alguma forma eles trabalham o que pensam que é justo para o pouco que recebem. Sei lá, sou apenas um especulador nesse tema.
A sociedade capitalista vive um impasse no Brasil. Ou os empresários abrem mão de uma fatia dos lucros em prol dos trabalhadores, ou chegaremos a um colapso em nossas indústrias, nas fábricas, e no campo também. A aposentadoria é a questão crucial; não existe dinheiro para todos. Muito velho vai morrer fodido nesses próximos anos.

Zeca Fonseca
Petrópolis, fev. de 2012

Neném a bordo

Outro dia peguei um voo com três tenros seres humanos a bordo num daqueles aviões socialistas que não têm divisão de classe. Uma das mães desses bebês era muito nova e por isso totalmente despreparada; seu marido idem. Eu sentia dó e raiva!
Depois de quatro horas de choro, ou de voo, resolvi fazer alguma coisa. Na pior das hipóteses serviria para me esticar e fazer o sangue circular. Fui lá na frente, onde estava o jovem casal e me ofereci para pegar o neném no colo. Eles cochicharam; depois me olharam com desconfiança, mas sem falar nada, e então me entregaram o filho ainda chorando. Em poucos segundos no meu colo e o bebê estava mais calmo e não chorava mais. Levantei meus olhos do bebê para o resto do avião e senti um monte de olhares agradecidos na minha direção. Depois de uns minutos passei o filho para que a mãe o amamentasse. Isso os homens ainda não podem fazer, ao contrário das mulheres que tudo podem nos dias de hoje.

As mulheres são máquinas perfeitas para o trabalho, mas vieram com um defeito de fábrica – menstruam, e quando isso não acontece é pior ainda porque podem estar grávidas; o patrão fica sem a funcionária por uns seis meses no mínimo e por mais que disfarcem, eles, os patrões, nunca ficarão contentes com esta situação.
O mundo, a sociedade, os casamentos e as leis estão engessados. Nada vai mudar assim tão facilmente. Por isso não tenho nenhuma ideia para melhorar a vida da gente. Pelo visto será assim mesmo: uns dias bons outros nem tanto.
Minha proposta é para solucionar um problema antigo; os bebês incomodando os passageiros que não têm bebês. Minha ideia é adaptar alguns aviões exclusivamente para bebês. Em vez de aeromoça, seriam babymoças. Em vez de refeições, seriam servidas mamadeiras (duas rodadas, já que há sempre os mais famintos).
No caso de um bebê fazer cocô, um sensor ativará um sinal acima do assento, transformado em bercinho, que piscará sem parar até a babymoça atender àquele bebê encocozado.
O voo dos pais sairia um pouco depois, mas chegaria um pouco antes ao aeroporto de destino. O esquema seria montado para eliminar estresse da vida dos pais ricos. Sim, ricos porque este serviço custará uma pequena fortuna.
Fica aqui minha ideia, aproveitando que uma nova e ascendente parcela de brasileiros está começando a realizar longos voos.
Talvez essa ideia não seja rentável, e por isso inviável, mas meus ouvidos bem que agradeceriam um voo sem bebês a bordo.

Zeca Fonseca
Niterói, março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

Feminino x masculino 1

Noto que existem muitas mulheres preocupadas em viver uma "liberdade" que os homens tinham, e esquecem, neste processo, do compromisso universal de serem suaves e femininas. Feminilidade que não exala, ou será que ficou impossível de exalar. Onde estão as mulheres femininas? Devem estar acorrentadas em redomas revestidas de um cristral inquebrantável.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Vida de escritor 1

"O escritor pode passar a vida escrevendo sobre a vida que ele não viveu. O escritor pode até matar ou mesmo morrer, e depois jantar com a família (se tiver)."

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Plano de saúde ou morte planejada?

Os custos hospitalares estão tão absurdamente caros que estamos perto de um horroroso impasse. Ou aumentar o preço dos planos de saúde em algo em torno de 25% ou desligar os aparelhos que mantêm vivas pessoas com doenças terminais. O tema é muito complexo e recheado de polêmicas.
Eu sou a favor de o plano de saúde cuidar da morte também. Tudo incluído na tarifa que o morto pagava até aquele momento funesto.
Assim seria mais humano o plano de saúde das pessoas. Talvez assim os planos de saúde zelem mais pela vida dos seus segurados. E efetivamente morra menos gente por descuidos. E por outro lado se investirá mais na manutenção da saúde do povo.
Quem é o povo? Sou eu, você e todos nós?
Pobres e ricos estão remando para o mesmo lado pela primeira vez na história da Terra. Fenômenos estranhos estão acontecendo à plena luz do dia, sem que ninguém veja.
O mundo melhora na mesma velocidade com que os pessimistas repetem a velha ladainha de sempre. Ganham dinheiro com um pseudofinal da humanidade; especuladores da felicidade alheia usurpam o que podem neste planeta mundano, porque eles mesmos sabem do mal que fazem. Agradam governos e prefeituras doando obras e projetos revolucionários, mas que no final os tornará ainda mais ricos. E esses ricos são os mesmos que conseguem empréstimos milionários do BNDES “para aumentar os empregos diretos”, dirão os próprios. Mas o que vemos acontecer é a multiplicação da riqueza desses verdadeiros mecenas do século vinte um. Eternos insatisfeitos; devem ser seres humanos intragáveis que acumulam riqueza como forma de compensação para suas frustrações mais recônditas.
No final das contas o plano de morte das pessoas surgirá, mais dia
menos dia, como forma de tirar mais dinheiro dos pobres segurados;
inseguros em suas próprias existências.
Tenho vontade de não ter mais plano de saúde, celular, carro, emprego, e vizinho. Apesar de que meus vizinhos são exemplares. Eu é que sou o chato!

Zeca Fonseca
Niterói, 23-2-12

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PROPAGANDA DESALMADA

Propaganda não é mais, apenas, a alma do negócio. A publicidade agora lida com almas humanas também.
Estava eu perdendo tempo vendo televisão quando aparece na tela uma espécie de propaganda paga, mas não posso afirmar se a TV que exibiu aquele embuste recebeu algum dinheiro ou se cedeu o horário grátis porque é coisa de religião.
A relação das autoridades brasileiras com as infindáveis congregações religiosas existentes no Brasil faz com que nosso país se assemelhe à India, que vê na vaca uma coisa religiosa. As vacas vão se proliferando, e peidando muito também. Estes gases todos vão ajudar a arrebentar com a camada de ozônio assim como várias outras coisas conjugadas.
Não sou contra vaca, por favor. Quero deixar bem claro que adoro leite, manteiga, torresminho, picanha. Não briguem comigo! Só acho que tem vaca e religião demais por aí.
Vocês sabiam que uma religião qualquer dessas que existe aos borbotões não paga nenhum imposto? São sociedades sem fim lucrativo. Mas, deixa tentar entender;
se as religiões não tem fim lucrativo por que fazem propaganda e veiculam propaganda enganosa na TV o tempo todo. Numa forma claramente maldosa de catequização eletrônica.
Naquele tal dia que assisti o anúncio na TV, os textos eram apelativos, do tipo “eu era um drogado”; “traía minha mulher”; “Mas quando entrei para a igreja X minha vida mudou da água para o vinho.” Nesse momento a câmera deu um close no cara todo bonitinho; com a barba feita, quase dando para sentir o cheiro da loção pós-barba que aquela ovelha usava.
Quanta hipocrisia!
Será que eu invento uma igreja também, ou continuo a bombardear com textos este escândalo que ninguém quer discutir. Deve estar rolando muita grana para todas as partes envolvidas. Não pode ser!
Será que o que sobrou de honesto no governo não vai mudar isso?
Aposto que não!

Zeca Fonseca
Petrópolis, 10-1-12

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sou fã de Gisele Bündchen


Nunca fui fã da modelo Gisele Bündchen, mas depois que ela defendeu publicamente o seu marido passei a admirá-la.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um ser humano, ou o fast-dead de Paris?



Foi o médico francês Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814) que sugeriu o uso deste aparelho na aplicação da pena de morte. Guillotin considerava este método de execução mais humano do que o enforcamento ou a decapitação com um machado. Na realidade, a agonia do enforcado podia ser longa, e certas decapitações a machado não cumpriam seu papel ao primeiro golpe, o que aumentava consideravelmente o sofrimento da vítima. Guillotin estimava que a instantaneidade da punição era a condição necessária e absoluta de uma morte decente. O aparelho serviu para decapitar 2794 "inimigos da Revolução" em Paris.

Guilhotina medieval

Decepção é como uma guilhotina medieval,
vc mal morreu e já vê a cabeça, SUA, rolando!

inventei esta palavra hoje (bio-degradante)

Olha gente acabei de inventar uma palavra nova, de cunho crítico/debochado: nossa baía é bio-degradante que vem de degradável e por sua vez de desagradável que é o que os cariocas sentem assim que saem de casa. Alguns nem conseguem sair. É trágico cômico, e acho que farei uma crônica sobre isso agoora!

MAIS DO MESMO: T.S.ELIOT

‎"O tempo presente e o tempo passado Estão ambos talvez presentes no tempo futuro E o tempo futuro contido no tempo passado. Se todo tempo é eternamente presente Todo tempo é irredimível. O que poderia ter sido é uma abstração Que permanece, perpétua possibilidade, Num mundo apenas de especulação. O que poderia ter sido e o que foi Convergem para um só fim, que é sempre presente. Ecoam passos na memória Ao longo das galerias que não percorremos Em direção à porta que jamais abrimos Para o roseiral. Assim ecoam minhas palavras Em tua lembrança." Excerto de "Os quatro quartetos" 1943

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

T.S. ELIOT


Pra quem não conhece o maior poeta inglês de todos os tempos (pra mim) aqui vai o começo de East Coker, de T.S.Eliot:
‎"Em meu princípio está meu fim. Umas após outras as casas se levantam e tombam, desmoronam, são ampliadas, removidas, destruídas, restauradas, ou em seu lugar irrompe um campo aberto, uma usina ou um atalho. Velhas pedras para novas construções, velhos lenhos para novas chamas, velhas chamas em cinzas convertidas, e cinzas sobre a terra semeadas, terra agora feita carne, pele e fezes, ossos de homens e bestas, trigais e folhas. As casas vivem e morrem: há um tempo para construir e um tempo para viver e conceber e um tempo para o vento estilhaçar as trêmulas vidraças e sacudir o lambril onde vagueia o rato silvestre e sacudir as tapeçarias em farrapos tecidas com a silene legenda. Em meu princípio está meu fim." T.S.Eliot
Seu nome de batismo era Thomas Stearns Eliot.
Nasceu em St. Louis, Missouri, nos Estados Unidos em 26 de setembro de 1888.
Mudou-se para a Inglaterra em 1914 (então com 25 anos), tornando-se cidadão britânico em 1927, com 39 anos de idade. Sobre sua nacionalidade e sua influência na sua obra, T.S. Eliot disse:
"My poetry wouldn’t be what it is if I’d been born in England, and it wouldn’t be what it is if I’d stayed in America. It’s a combination of things. But in its sources, in its emotional springs, it comes from America."
Morreu em Londres em 4 de janeiro de 1965. Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1948.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

CRÔNICA:"Capitalismo selvagem versus casamento"

Cansei disso. Capitalismo é bom só para quem tem dinheiro. E quem não tem? O que o capitalismo reservou para essas pessoas? Vão criar emprego pra elas, mesmo sabendo que na maioria não são qualificadas o suficiente para encarar o mercado cada vez mais exigente; precisa saber mexer em computador, falar inglês, se vestir adequadamente, falar um português quase correto e por aí vai.
Ao capitalismo interessa que a família se frite, e desmorone; serão mais geladeiras, fogões, máquinas de lavar, e toda uma parafernália de utensílios que antes eram divididos por todos da família que se desfez.
Estamos perdidos; ou será que estou sozinho a me revoltar com esse sistema de prensagem de pessoas, como se todos os menos favorecidos fossem somente massa de modelar na mão desses políticos de merda.
Podem observar – sempre quem se fode é o fodido! Sonham com as promessas dos políticos, mas vivem o pesadelo do dia a dia. Eventualmente alguma coisa realmente é feita. Contudo a política é suja! Nenhuma novidade nisso; novidade é aparecer político honesto que defenda os interesses do povo que o elegeu. O problema é que quem elege é o capital, o caixa dois dos empresários que se beneficiam com as licitações pra lá de ilícitas que acontecem há anos, e ninguém ousa falar disso. Ou, se fala, morre! Vivemos numa espécie de “faroeste caboclo” decantado por Renato Russo em música composta em 1979, mas que só foi lançada oficialmente em 1987, no álbum Que País É Este.
Triste, muito triste, essa banda ter acabado; ou melhor, o Renato Russo ter morrido, pois pôs um ponto final numa geração que pulsava junto com àquele tipo de rock bem brasileiro.
Agora preciso trabalhar em outro texto; trabalho não falta para quem quer trabalhar no Brasil. Ganhar dinheiro trabalhando é que são elas. Isso é para poucos. Normalmente o nosso sistema capitalista tupiniquim funciona assim: quanto menos se trabalha mais se ganha, em contrapartida quanto mais se trabalha menos se ganha. Leia O Capital de Karl Marx. Linguagem chata e ultrapassada, mas o conteúdo é absurdamente atual — didático; ensina o patrão a roubar do empregado sem deixar pistas, ao mesmo tempo em que alerta o empregado para a mais valia que ele proporciona ao patrão com as horas trabalhadas sem remuneração adequada.
O sistema capitalista está mudando por imposições de ordem política. É o pensamento feminino dominando o mundo dos arquétipos machistas e ultrapassados. A dona de casa se transformou numa mulher gasosa, expansiva e determinada em galgar posições antes dominadas pelos homens. Qualquer coisa serve para não ficar em casa limpando, cozinhando e lavando pratos.
Porra! E quem vai fazer isso? Nós, os homens despreparados e estragados por nossas mães que nos mimavam e não se importavam se seu marido desse uma escapulida de vez em quando com alguma sirigaita? Contanto que fosse tudo muito discreto, e botasse dinheiro na mesa. Esta era a condição acordada, mas nunca conversada. Outro dia eu acordei atarantado com um pesadelo; eu estava sentado numa mesa com meu pai, meu avô, e o pai deste, portanto meu bisavô. Estávamos sentados numa mesa quadrada e na nossa frente havia pratos com notas de dinheiro novinhas neles. Não havia comida ou sequer o cheiro dela. O aroma era de nota de dinheiro nova; um perfume muito peculiar, só comparável ao cheirinho que colocam nos carros antes de sair das montadoras de automóveis.
Bons tempos aqueles em que a vida dos casais não necessitava de tanto diálogo. Hoje em dia é uma loucura; tudo é exaustivamente discutido e quase nunca se chega a um consenso. E com o somatório desses atritos, o relacionamento vai ruindo sem que os envolvidos se deem conta do emaranhado em que se meteram.
Uma coisa é importante para combater o capitalismo, mantenham-se harmônicos.
Boa semana para todos os casais que perseveram. E moram juntos!
Esse é o verdadeiro milagre da vida de bosta que a gente leva.

Zeca Fonseca
Petrópolis, JAN-12

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A arte de Man Ray


"Em lugar de pintar pessoas, comecei a fotografá-las, e desisti de pintar retratos ou melhor, se pintava um retrato, não me interessava em ficar parecido. Finalmente conclui que não havia comparação entre as duas coisas, fotografia e pintura. Pinto o que não pode ser fotografado, algo surgido da imaginação, ou um sonho, ou um impulso do subconsciente. Fotografo as coisas que não quero pintar, coisas que já existem.", por Man Ray

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

PANDEMONIUM


"Precisamos nos afastar das pessoas que mais gostamos justamente para entender o que sentimos por elas. E veremos que o que gostamos nelas está oculto em nós mesmos.
Devemos estar em um grau avançado de carência afetiva, onde nada resolve o nosso problema. E o pior de tudo é que pensamos já ter esgotado todas as alternativas de sermos felizes.
Sentimos medo de nos envolver e pânico de ficarmos sozinhos."
PANDEMONIUM, 2010, Zeca Fonseca(Ed. Faces)

Fragmentos do KAFKA


"Só uma porção de diabos é capaz de promover nossas desgraças terrenas. Por que não se extreminam uns aos outros, até ficar um só? Ou por que não se subordinam todos a um Diabo Superior? Uma ou outra solução faria sentido com o diabólico propósito de burlar-nos o máximo possível. Que adianta, porém, se lhe falta coesão, e o meticuloso cuidado que todos os Diabos têm conosco?" F. Kafka, 1913

domingo, 22 de janeiro de 2012

QUEM É PAULO COELHO?

O escritor PAULO COELHO tem inúmeras qualidades e aptidões; o problema é que nehuma delas é escrever!

MINHA LISTA DOS 10 MAIS

1- Trilogia da Crucificação Rosada, de H. Miller (Sexus, Nexus e Plexus)

2- O amante de Lady Chatterley, de D.H. Lawrence.

3- Misto Quente, de C. Bukowski.

4- Os irmãos Karamázov, de F. Dostoievski

5- Bestiário, de J. Cortásar

6- Metamorfose, de F. Kafka

7- A Chave, de J. Tanizaki

8- Lolita, de W. Nabokov

9- A Paixão segundo G.H., de C. Lispector

10- O caso Morel, de R. Fonseca

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

UM DIA de KAFKA


"Estava andando na rua.
Feliz apesar de todas as atrocidades que são desferidas contra a gente todos os dias e embaladas com o rótulo de informação. Acho uma tremenda invasão à integridade sentimental do ser humano o modo virulento como os meios de comunicação exploram os fatos anormais. Carregamos uma dor globalizada; um sentimento de perda, mesmo sem ter perdido nada." Início da crônica UM DIA DE KAFKA, que também integra o meu livro ARTéRIAS. Não vou mais postar nada sobre o livro.
Quem quiser comprar, vai comprar. Quem não quer comprar, mas curte ler, pode sentir o gostinho aqui. É como ficar na porta da Churrascaria sentindo o cheirinho gostoso da carne na brasa, e não entrar.Podem comprar o livro pelo site da editorafaces.com.br

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

AMOR de PLÁSTICO


"Era como se todas as embalagens plásticas vazias representassem as mulheres encapsuladas que um dia eu amei. Elas é que traziam os vasilhames abarrotados com comidas deliciosas para a minha casa; perfeitos anzóis que me fisgavam pela boca e depois, na cama, faziam moqueca de mim." Excerto de AMOR de PLÁSTICO, mais um conto do meu livro ARTéRIAS. Compre pelo site www.editorafaces.com.br

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DEFESA da CALCINHA


"Adoro observar a mulher vestida, com roupa íntima e nua também. São três etapas importantíssimas. Não se seduz uma mulher já sem calcinha. E a ausência de sedução é uma perda muito significativa no sexo." DEFESA da CALCINHA é uma crônica que faz parte do ARTéRIAS. Compre pelo site www.editorafaces.com.br

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Paulo Coelho é um charlatão!

Uma criança me perguntou qual era o maior escritor brasileiro vivo, e eu disse que era o Paulo Coelho porque ele é o que vende mais. (Detalhe nunca li um livro todo do maior escritor brasileiro; não consegui, muito piegas. Tá bom, eu fiz uma crítica, PAULO COELHO É UM CHARLATÃO!)

Mais do livro ARTéRIAS


"Somos covardes porque nos omitimos em diversos assuntos que nos atingem direta e indiretamente; como a violência generalizada imposta ao planeta e ao indivíduo. Esquecemos ou fazemos vista grossa a esses assuntos que deveriam estar nos tirando o sono. Mas fazemos justamente ao contrário, nos entupimos de ansiolíticos e anestésicos para não vermos aquilo que está gritando à nossa frente. Tapamos nossos olhos com as tarjas pretas das drogas que consumimos." Parte da crônica PANELA de PRESSÃO que integra o livro ARTéRIAS.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Suite nº4 para andarílhos e pedestres.


Fotografia usada para ilustrar o conto "A arte de andar pelas ruas do Rio de Janeiro" de Rubem Fonseca. Ed. Ediouro. Rio de janeiro, 2009.

domingo, 15 de janeiro de 2012

PANDEMONIUM é PARA POUCOS!


É isso meus caros; nada faz sentido quando não se começa bem o que quer que estejamos fazendo. Escrever não foge disso.
Eu acho que o romance PANDEMONIUM lançado pela Ed. Faces em 2010 é uma leitura para poucos.
Abraços em todos!
Zeca

MAIS DO MESMO (parece nome de música!)


Essa foi a fotografia da capa do livrinho para promover o "O Seminarista", do grande Rubão!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Ensaio fotográfico sobre "A arte de andar nas ruas do Rio"


Ainda o ensaio que fiz sobre o conto de Rubem Fonseca "A arte de andar nas ruas do Rui de Janeiro". Um dia ainda faço um ensaio sobre A arte de andar nas ruas de Niterói, farei texto e fotos. (Quem sabe um projeto para depois da copa, quando estivem prontos esses prédios todos que estão levantando em Niterói; e que abrigará cariocas dissidentes assim como eu que aprendi a amar Niterói).

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

"A Arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro"


Fiz um ensaio fotográfico para a Ediouro em 2009com a finalidade de ilustrar o conto "A arte de andar nas ruas do Rio" do Rubão Fonseca. Do conto foi feito um livrinho com texto e fotos, que foi dado como brinde aos primeiros compradores do 1º livro de Rubem Fonseca editado e publicado na Editora Agir, do Grupo Ediouro. A edição foi limitadíssima. O músico e editor Paulo Pilha aceitou o desafio de posar representando o personagem Augusto, protagonista do conto.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

JUSTA CAUSA (conto dentro do ARTéRIAS)


"A tristeza o impedia de se locomover. E a dele era tão ampla que nem se alimentava. Seu olhar estava vidrado, fixo, num ponto distante. Sua decepção não era com as pessoas, era consigo mesmo. Por isso ele estancou por dentro e por fora como uma máquina sem energia para funcionar." Excerto do conto JUSTA CAUSA que também está no meu último livro ARTéRIAS. Vende no site www.editorafaces.com.br(tem e-book tb).

domingo, 8 de janeiro de 2012

Ano Novo; Vida Velha

Ano Novo; Vida Velha


O Natal perdeu o sentido depois que minha mãe morreu. Antes, era a época mais feliz, agora é a data mais triste do ano para mim.
Fico lá, cercado de pessoas familiares que eu tanto amo, mas não consigo embarcar naquela felicidade azul que reina acima de todas as cabeças. Ou melhor; pior, na verdade: entro dentro dum invólucro de tristeza que não me permite saída.
Existe uma tristeza encruada em todas as famílias. Alimentada por problemas variados: disputa por herança, divergências afetivas, cobranças nunca pagas, mas também nunca cobradas e uma infinidade de picuinhas de todo tipo.
Ninguém escapa da merda familiar. Os reis das famílias são os bebês. Reinam sem dar uma palavra; esse reinado acaba quando eles, os bebês começam a falar; esse é um mistério para os psicanalistas e estudiosos do assunto. Mas quem manda mesmo é quem bota mais dinheiro em casa, ou seja, as mulheres. Antigamente, no tempo de meu pai, eram os homens que detinham o poder de ir e vir; esbravejar e agir do modo que bem entendesse. O nome disso é poder. Talvez hoje os sexos já estejam mais ou menos equilibrados nas diversas sociedades espalhadas nesse mundão. Tem muito homem ganhando menos dinheiro que a mulher, e por isso assumindo papéis domésticos que antes eram das mulheres. A sociedade nunca esteve tão perdida e tão perto de solucionar as diferenças de sexo, raça, credo, e a principal que é a diferença social. Cada vez vejo mais misturas sócioeconômicas acontecendo; a humanidade do futuro terá uma cor indefinível, assim como o sexo que está de ponta-cabeça.
Quando estou feliz, sinto que exacerbo essa felicidade a tal ponto que não deve fazer bem a ninguém. Tudo demais é ruim disse um grande pensador chinês que viveu há mais de três mil anos. Sentir-se feliz e manter esta felicidade é uma forma sábia de alcançar o equilíbrio. Saber dosar as emoções é o grande segredo da vida. Umas pessoas, poucas, já nascem espiritualizadas e, desse modo, não se desequilibram facilmente. A família, que é a célula da sociedade civilizada, está agonizando. No íntimo da família decreta-se qual dos integrantes é o problemático, ou doente. E esse doente problemático vai possibilitar a ocultação dos problemas de todos os demais indivíduos deste Grupo Familiar Obrigatório.
O coletivo de família deveria ser sociedade. A mesma sociedade que tende a banir os desequilibrados – os sem médicos. Sob essa mesma ótica, opressora, sinto uma queimação dolorosa motivada pelas cinzas, que mesmo apagadas, ainda ardem em mim.
Mudou o ano, mas eu não vou mudar.
Vou vomitar textos sem parar.

Zeca Fonseca
Petrópolis 8-JAN-2012

Paixão Perversa é uma das ARTéRIAS


‎"Seus cabelos estavam soltos e o vento soprava forte por trás de sua cabeça, fazendo com que as pontas dos fios de seus cabelos tocassem de leve no meu rosto enquanto conversávamos sobre as amenidades típicas de pessoas que não se veem há tempos." Trecho extraído do conto! Esta é a foto que usei para a abertura do conto PAIXÃO PERVERSA, e tb para ser a 2ª orelha do livro. O conto faz parte do livro ARTéRIAS, ed,faces.

PAIXÃO PERVERSA

‎"Seus cabelos estavam soltos e o vento soprava forte por trás de sua cabeça, fazendo com que as pontas dos fios de seus cabelos tocassem de leve no meu rosto enquanto conversávamos sobre as amenidades típicas de pessoas que não se veem há tempos." Trecho extraído do conto PAIXÃO PERVERSA que começa na página 57 do meu recém lançado livro ARTéRIAS. Experimentem!

sábado, 7 de janeiro de 2012

UMA DAS ORELHAS DO LIVRO ARTéRIAS


Amo fotografia com sombra! (Esta foi publicada numa das orelhas do meu livro recém lançado ARTéRIAS, pela Editora Faces. Custa a bagatela de 28,90 Leiam e postem aqui os contos ou crônicas que mais gostaram.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O EDITOR e o ESCRITOR


"Nos cinco meses em que esteve escrevendo seu último romance, o escritor maldito sofreu muito: dormiu pouco e nunca chegou a ter um sono contínuo; se alimentou mal, sua principal refeição era de noite, lá pelas dez da noite quando comia um cachorro-quente que era a coisa que lhe dava menos trabalho e não sacrificava seus dentes que estavam em estado crítico por falta de tratamento adequado....O editor, ao contrário, nesses mesmos cinco meses viveu como um paxá. Comeu do bom e do melhor, e não poupou grana para satisfazer seus desejos fúteis. Trocou seu carro caro por outro mais caro ainda e foi morar numa cobertura com piscina porque sua conta corrente não parava de crescer, e aqueles zeros todos o incomodavam ao ponto de se sentir enfadonho." Trechos de um conto que faz parte do meu livro ARTéRIAS. Pode ser comprado na Saraiva, Travessa, Argumento, e no site www.editorafaces.com.br (Devolvo o dinheiro se não gostar)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

UMA POR DIA (um dos contos do ARTéRIAS)


Uma por Dia

Ele é um especialista.
Sua especialidade: mulher.
Qualquer fêmea serve se não tiver uma já esquematizada.
Ele é um Arquiteto do sexo.
Sua meta consiste unicamente em conquistar, o mais rápido possível, a mulher desejada. E se afastar da forma menos canalha que puder, logo após o primeiro ato sexual.
Seu método é simples: diz que está apaixonado e que isso representa paixão à primeira vista; diz para a mulher em questão que ela é linda e que jamais viu tamanha beleza.
Para todas a mesma coisa; a mesma fórmula.
O mesmo tipo de afago e a mesma maneira melíflua de beijar.
Nunca muda; ele é sempre o mesmo homem: um sedutor adorável no início, e um louco insano depois de conseguir copular como queria.
Aprecia o ato sexual – goza – mas não sente alegria.
Convence-se ser um artista e se vangloria de nunca, mas nunca mesmo, ter transado duas vezes com a mesma mulher.
Para cada mulher, um único coito; para cada dia, uma mulher.
Quando se apaixona, e em geral isso ocorre com as mulheres que demoram mais a se entregar sexualmente, aí é que o especialista as maltrata depois de as possuir. Expurga-as de seu coração como se estivesse varrendo baratas mortas. Ou, se a mulher é que fica apaixonada, procurando-o insistentemente, então é hora de apelar. O malvado diz que não pode ter um relacionamento sério com ninguém porque é portador do vírus da AIDS, e isso afasta rapidamente as mulheres mais difíceis de largar.
Lógico que esse coito único tem de ser sempre com camisinha.
Ele não pode correr riscos de espécie alguma.
Bebês não são bem-vindos.
O homem que estou tentando descrever é bonito. Alto. Seu corpo é bem definido e o pênis é grosso.
Ele não trabalha.
Porém dedica todo o seu tempo às suas conquistas amorosas.
Se resolver ir à praia em seu carro conversível ou em sua moto possante, seu público alvo neste caso serão as mulheres mais libertinas. Ele pode também pegar o seu Fusquinha de estimação e ir a um dos clubes grã-finos, do qual é sócio, e investir noutro tipo de mulher.
Mulheres não faltam.
Mulheres são como minhocas.
Atualmente, com a banalização cada vez maior da internet, o nosso anti-herói investe suas horas em sites de paquera e salas de bate-papo que estão sempre abarrotadas dessas minhocas.
Ele tecla e marca encontros com várias delas.
Umas feias, algumas bonitas e muitas horrendas.
Sua agenda está cheia de mulheres de todos os tipos e idades.
Não quer dizer que este personagem goste realmente de mulher.
Assim como um colecionador que se diverte apenas na busca pela peça cobiçada; depois só se contenta pelo fato de tê-la em seu poder. Da mesma forma age o protagonista desta paródia, que logo após conquistar as mulheres desejadas, confina-as em porta-retratos largados no fundo de um armário que jamais será aberto. Onde todo o seu conteúdo se converterá em mofo.
Mulheres mofadas.
Mulheres mal amadas, e esquecidas no passado mal passado de suas frustrações amorosas.
Aprisionadas para serem abandonadas.
Sua coleção, na verdade, é uma manifestação de misoginia.

Uma por dia.
Todo dia.

Ele se sente um deus. Mas é apenas um homem que não gosta e nem desgosta das mulheres. Ele as usa.
Um senhor feudal empunhando uma espada demolidora; singrando vaginas, ora crentes, ora indecentes.
Se um dia, por algum motivo, o esquema de foder as mulheres e a vida das mulheres parar de funcionar, o misógino contratará uma prostituta, ou se masturbará freneticamente tendo como inspiração as fotos de suas ex-mulheres.
Aquelas mesmas com quem transara apenas uma vez.

Zeca Fonseca
Rio- set.2008